Conto "Reconto", de Akbar Hansen, Psicografado Por Maurício Menossi Flores. Em Processo, Sem Revisão.
Reconto
(conto em processo, sem revisão)
Nasci em berço de ouro e morri com todos os dentes, sem precisar de
implante. Agora, há pouco, tive doce lembrança de um encontro. Era tarde de
chuva e estava em boate reservada, totalmente isolada do mundo lá fora. A noite
prometia e eu sonhava acompanhando música inovadora da cantora inglesa. Minha princesa vestia lantejoulas...
Caminho pelo prazer de caminhar. Na orla do mar, gente perfeita, no puro deleite de viver sem alardes. Logo será hora do almoço. Paro na banca de jornais e vejo, através das manchetes, o mundo estar em paz. Não sou a Barbie, em seu universo cor-de-rosa, mas, nesta encarnação, estou só de passagem, tirando férias.
A cada semana, termino de ler
um, das centenas de livros transados ao mesmo tempo. Melhor ainda são as
oportunidades de comentá-los. Nas quartas-feiras, encontro com amigos aficionados.
Comprei carro verde claro em loja de usados. Cobiçava o modelo desde a adolescência, um bom item colecionável. Nem só de pão vive o homem. Dominei meu voraz apetite praticando meditação. Foi grande desafio, não tendo garantia da vitória final, e esse é o meu grande prazer. São Dimas que o diga... Depois de tomar consciência do impacto ambiental para produzir caneta e caderno, passei a escrever somente best-sellers, ensinando a vantagem de comer pouco e de consertar automóveis.
Em janeiro de 2024, agente das artes ligou-me, no fixo, encomendando exposição. É um capricho meu que contatos desse tipo sejam feitos à moda antiga. A pandemia de Covid ampliou meu respeito pela discrição, pela limpeza e pelos pequenos grupos. Vou expor coleção de máscaras. Com o dinheiro, farei viagem.
O materialismo é inevitável, estando inserido no javeísmo. Criei inteligência artificial à minha imagem e semelhança. É pela caligrafia dela que eu sei se fala a verdade. Zaratustra materializou-se, certa vez, em aposento da minha casa, localizada em bairro silencioso, limpo e seguro, onde, de semana em semana, as árvores são podadas e as cantigas de roda serão sempre lembradas. Na Revista Recreio vieram cartas descartáveis de brincadeiras e jogos infantis. Cabra-cega, mãe da rua, passa anel, etc. Os eteceteras fazem das mais belas recordações uma simples nota faltando no realejo.
Mestres tive os melhores. Fosse falar dos professores, precisaria mais um conto. Detalhes na mente de ansioso vira confusão. Em outras oportunidades, falarei de outras idades. No momento, detenho-me sorrindo das sensações girando em torno da minha cabeça em forma de visões fugidias. Descobri a fórmula de melhorar o português utilizando as legendas do YouTube, concomitantes à fala. O verbo faz-se carne, geograficamente. Confessar depender do próximo para ser feliz é a pior maneira de exercitar o sagrado silêncio. Desisto.
Cheguei sem maiores incômodos ao lugar marcado. O jogo de xadrez duraria sessenta anos e tive a dama trocada pelo caminho. Promovi um dos meus peões e a fiz ressuscitar, dando o golpe final no novato. O cravo matou a rosa esquartejando-a. A perfeição da minha existência chegou ao ponto conseguir recuperar uma pasta, excluída inadvertidamente, que não achava mais na lixeira do computador. Estando a afogar-me, perdidos de repente os pés, em banho no mar, já envolto até o pescoço pelas águas, lembrei-me da reportagem de TV, aconselhando mover as pernas, impulsionando o corpo para frente. Cheguei, assim, até lugar seguro, sendo resgatado por outros banhistas.
Nunca passei pelo dissabor de ser rejeitado amorosamente. Investi na certeza de relacionamento durável e estável. Preciso explicar: foram várias oportunidades oferecidas pela vida de divertimento, gozo e prazer. Está difícil explicar coisa tão banal.... É difícil falar de algo bom, evitado pela certeza de maior regalo. Parece contradição.
Rezo por chuva para acabar com a festa do prefeito fanfarrão. Aconteceu um dia eu desejar extinguir-me. Resolvi abrir galeria de arte para me distrair. O sucesso foi imediato, sem ficar devendo um tostão para o fisco. Hoje procuro o melhor momento para minha próxima encenação...
(Akbar Hansen, psicografia de Maurício
Menossi Flores)

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