"Esse Cachorro É Meu!", Conto de Maurício Menossi Flores.

 



“Esse Cachorro É Meu! ”

(Conto em processo, sem revisão.)

Era uma tarde tranquila quando Bernardo ouviu a campainha tocar. Ele estava sentado no sofá, acariciando Max, um pequeno cão cinza que sua prima Camila havia encontrado abandonado na rua alguns dias antes. Ela pedira a Bernardo que cuidasse do animal temporariamente enquanto tentava encontrar o dono ou um novo lar para ele.

Ao abrir a porta, Bernardo se deparou com um jovem de aparência ansiosa, trajando jeans e uma jaqueta desgastada. “Boa tarde. Meu nome é Felipe, e eu vim buscar meu cachorro. Ouvi dizer que minha Lua está com você. ”

Bernardo arqueou as sobrancelhas, surpreso. “Sua Lua? Como ficou sabendo que o cão está aqui? ”

“Camila postou em um grupo no Facebook. Alguém me marcou, e eu vim correndo. Eu sou o dono dela, pode me entregar. ”

Bernardo olhou para Max, que agora observava a cena com os olhos atentos. Algo na postura do jovem o incomodava. “Olha, eu entendo sua urgência, mas não posso simplesmente entregar o cachorro assim. Vou ligar para Camila e esclarecer isso. ”

Felipe deu um passo à frente, visivelmente irritado. “Não tem o que esclarecer. Eu sou o dono. Ela é minha! Você não pode me impedir de levá-la. ”

“Desculpe, mas não vou fazer isso sem confirmação,” respondeu Bernardo, firme.

O jovem bufou e tirou o celular do bolso. “Então vou chamar a polícia. ”

Não demorou muito para uma viatura chegar. Dois policiais desceram, escutaram os dois lados da história e decidiram testar se Felipe era realmente o dono do cão. Um dos policiais sugeriu que Felipe chamasse o animal pelo nome e observassem a reação.

Felipe agachou-se e estendeu as mãos em direção ao cão. “Vem, Lua! Sou eu, seu dono! Vem, minha menina! ”

Max, ou Lua, como Felipe insistia chamá-lo, começou a tremer de forma intensa. Ele recuou, encolhendo-se atrás das pernas de Bernardo, os olhos arregalados de puro medo. Bernardo se abaixou, protegendo o animal com as mãos. “Você viu isso? Ele está com medo de você! ”

“Ela só está assustada porque não me vê há dias, ” rebateu Felipe, levantando-se abruptamente. Ele tentou pegar o cão à força, mas Bernardo foi rápido em impedir. “Pare com isso! Você está assustando ele ainda mais! ”

Um dos policiais colocou a mão no ombro de Felipe. “Senhor, vamos precisar resolver isso de outra forma. Não parece que o animal está confortável com você. ”

“É MEU CACHORRO! ” Gritou Felipe, descontrolado. Em um ato desesperado, ele puxou algo do bolso – uma faca pequena, mas afiada. Os policiais reagiram rapidamente, ordenando que ele largasse a arma.

A cena se tornou caótica. O pequeno cão latiu desesperado enquanto Bernardo o abraçava com mais força. Felipe, transtornado, ignorou as ordens dos policiais e avançou. Um disparo ecoou pelo ar.

Felipe caiu no chão, a faca deslizando de sua mão. O silêncio que se seguiu foi interrompido apenas pelos soluços de Bernardo e os ganidos de Max, que agora se aninhava em seu colo, tremendo.

Horas depois, Bernardo ainda estava sentado na sala, segurando Max com cuidado. O pequeno cão parecia mais calmo, mas seu olhar denunciava o trauma vivido.

Camila chegou apressada. “Meu Deus, Bernardo, o que aconteceu? ”

Ele suspirou, os olhos perdidos em algum ponto distante. “Acho que encontramos o dono errado, Camila. Mas de um jeito ou de outro, Max agora é parte da nossa família. E eu nunca vou deixar nada de ruim acontecer com ele novamente. ”

Camila assentiu, olhando para o pequeno cão, que finalmente adormeceu nos braços de Bernardo. O caos da tarde se dissipava, mas as marcas daquele dia ficariam para sempre.

Maurício Menossi Flores


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