Conto "Vídeo Bom Para Cachorro." De Maurício Menossi Flores.

 


Vídeo Bom Para Cachorro.

(Conto em processo, sem revisão.)

Era uma tarde abafada em São Paulo quando Caio decidiu, pela milésima vez, gravar um vídeo para seu canal no YouTube. Seu conteúdo sempre fora voltado a mensagens sérias: campanhas contra o descarte irregular de lixo, apelos por um convívio mais silencioso nas cidades e a defesa de soluções humanitárias para o problema das cracolândias. Apesar da relevância dos temas, seus vídeos não atraíam o público. Com poucos inscritos e visualizações, que mal ultrapassavam a casa das duas dezenas, ele já estava prestes a desistir.

Mas algo inusitado aconteceu: sua sobrinha, Clara, o pediu para cuidar de Max, seu cachorro, durante uma viagem de trabalho. Max era um vira-lata carismático, com olhos expressivos e um jeitinho especial de conquistar qualquer um. Clara mencionou casualmente que Max sabia alguns truques e sugeriu que Caio os praticasse para mantê-lo entretido.

Curioso, Caio começou a treinar Max com comandos simples como “senta” e “rola”, mas logo percebeu que o cachorro tinha um talento incomum para aprender coisas novas. Em poucos dias, Max sabia pegar objetos, fingir que estava dormindo, e até “fazer compras”, carregando pequenas sacolas reutilizáveis. Inspirado, Caio decidiu gravar um vídeo divertido mostrando as habilidades de Max.

“Hoje não é um vídeo de protesto,” anunciou ele na introdução, sorrindo pela primeira vez diante da câmera. “Mas prometo que vai valer a pena assistir. Conheçam o Max! ”

Ele editou o vídeo com música alegre e legendas engraçadas. Max, o cachorro prodígio, virou estrela instantânea. Em menos de 24 horas, o vídeo alcançou 50 mil visualizações. Nos dias seguintes, o canal de Caio explodiu em popularidade. Inscritos chegavam aos milhares, todos encantados com Max. O cachorrinho virou um símbolo de leveza e alegria.

Com o sucesso, Caio percebeu que podia usar a audiência para retomar suas mensagens sérias. Ele passou a intercalar vídeos de Max com conteúdos educativos e reflexivos. Um dos mais impactantes mostrava Max “recolhendo lixo” em um parque, enquanto Caio falava sobre a importância de cuidar dos espaços públicos. Outro mostrava Max reagindo assertivamente ao barulho de aparelho de som, o que levou Caio a abordar os efeitos nocivos do ruído desnecessário.

Os vídeos começaram a gerar discussões em redes sociais. Logo, Caio recebeu convites para falar em programas de TV e eventos comunitários. Inspiradas por ele, pessoas de todo o Brasil iniciaram mutirões de limpeza, campanhas por menos poluição sonora, e propostas de acolhimento para populações vulneráveis nas cracolândias. O movimento cresceu, e Caio, com Max ao seu lado, tornou-se um líder inesperado de uma onda de transformação.

O auge veio quando uma emissora de TV nacional promoveu um especial sobre o impacto do canal. “Max e Caio nos ensinaram que pequenas atitudes podem levar a grandes mudanças, ” declarou a apresentadora. O Brasil parecia renascer, com bairros mais limpos, ruas mais silenciosas, e um aumento no voluntariado comunitário.

No final, o movimento iniciado por Max e Caio não apenas melhorou a qualidade de vida, mas também elevou o debate espiritual e social do país. Pessoas redescobriram o valor da empatia, da convivência harmoniosa, e da responsabilidade coletiva. E assim, o que começou como um vídeo despretensioso de um cachorro talentoso se transformou em um marco de evolução espiritual e cidadã no Brasil.


 


Maurício Menossi Flores


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