Conto "Brincando de Gênio", De Maurício Menossi Flores.


 

Brincando de Gênio.

(Conto em processo, sem revisão.)

No fundo de uma oficina repleta de poeira e curiosidades, o senhor Gregório dedicava suas tardes a transformar o que muitos consideravam lixo em algo útil. Aos 72 anos, ele não se importava com os olhares curiosos da vizinhança, que o considerava um tanto excêntrico. Sua paixão era desmontar aparelhos eletrônicos descartados e criar novos dispositivos, um passatempo que ele agora compartilhava com dois jovens: Davi e Clara, vizinhos adolescentes que haviam descoberto na oficina de Gregório um lugar onde a criatividade e o conhecimento fluíam sem limites.

Os três passavam horas mergulhados em velhos manuais, livros de física e diagramas complicados. Gregório era o mentor, explicando princípios de eletricidade e magnetismo enquanto os jovens exploravam ideias. Clara adorava testar componentes e encontrar maneiras de conectá-los de forma inesperada. Davi, por sua vez, era fascinado por circuitos e sempre levava para casa livros emprestados para entender mais sobre os mistérios da eletrônica.

Uma tarde, enquanto desmontavam um antigo videocassete, Clara encontrou um motorzinho que ainda parecia funcionar. Davi, mexendo em um velho teclado musical, percebeu que algumas teclas respondiam ao toque. "E se combinássemos isso?", sugeriu Clara, os olhos brilhando de entusiasmo.

Gregório riu, ajeitando seus óculos com os dedos manchados de graxa. "Uma ideia simples pode levar a algo extraordinário. Vamos tentar."

Os três trabalharam juntos, ligando fios, soldando conexões e ajustando componentes. Clara teve a ideia de usar um pequeno alto-falante de um rádio quebrado, enquanto Gregório desenhou um esquema para sincronizar o motor com as teclas. Davi, com sua precisão habitual, programou um pequeno microcontrolador que encontraram em uma velha calculadora.

Depois de horas de experimentação, o dispositivo estava pronto. Era uma estrutura improvisada, com botões reciclados, luzes piscando e uma alavanca estranhamente posicionada no topo. Ninguém sabia exatamente o que esperar quando ligaram o aparelho pela primeira vez.

Assim que Clara pressionou a alavanca, uma melodia suave começou a tocar, mas não era só isso. Pequenos hologramas coloridos projetaram-se no ar, formando padrões que pareciam responder à música. As luzes piscavam em sincronia com os sons, criando uma experiência imersiva. Gregório e os jovens ficaram em silêncio, admirados pela beleza inesperada do que haviam criado.

“Isso é inacreditável! ”, exclamou Davi, rindo enquanto os hologramas dançavam ao som da melodia.

“É como se tivéssemos dado vida ao lixo”, disse Clara, tocando levemente em uma das luzes, que respondeu com uma vibração sutil.

Gregório sorriu, os olhos brilhando. “Vocês acabaram de provar que a criatividade e o conhecimento transformam qualquer coisa. Quem sabe o que mais podemos fazer com isso? ”

Naquela noite, o pequeno dispositivo ganhou um lugar de destaque na oficina, como um lembrete do que a colaboração e o amor pela descoberta podem realizar. Para Gregório, Clara e Davi, aquele era apenas o começo de muitas outras invenções que ainda estavam por vir.

Maurício Menossi Flores




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