Conto "A Ilha dos Artistas", De Maurício Menossi Flores.
A Ilha dos Artistas.
(Conto em processo, sem revisão.)
Era uma manhã ensolarada quando o grupo de
artistas chegou à pequena cidade de Vale Sereno, conhecida pela exuberante
paisagem e pela histórica competição de artes que atraía talentos de todos os
cantos do país. Músicos, pintores, poetas e atores estavam reunidos, cada um
carregando sonhos e expectativas. Mas antes mesmo de alcançarem o evento
principal, algo inesperado aconteceu.
A única ponte que ligava a cidade ao continente
desabou. Um acidente causado pela falta de manutenção que já havia sido
alertada há anos. Com o colapso, os artistas e outros visitantes ficaram presos
na ilha sem previsão de resgate.
Enquanto isso, no prédio da prefeitura, um grupo
de políticos locais debatia não como resolver o problema, mas como lucrar com a
tragédia.
— Vamos declarar estado de emergência e contratar
uma empresa para a reconstrução. Claro, a empresa do meu cunhado — sugeriu o
vereador Batista, com um sorriso malicioso.
— E podemos criar uma taxa temporária de resgate
— completou o prefeito Antunes. — Cobrar pelo transporte de turistas e
moradores. Vocês sabem, para custear as despesas...
Longe dali os artistas decidiam que não podiam
esperar por soluções que nunca viriam. Reuniram-se em um círculo improvisado na
praia, compartilhando ideias e recursos.
— Nós temos o talento e a criatividade — disse
Clara, uma escultora conhecida por transformar sucata em arte. — Se usarmos o
que temos por aqui, podemos encontrar uma maneira de sair.
— Talvez possamos construir balsas ou algum tipo
de travessia — sugeriu Mateus, um cenógrafo habilidoso em estruturas.
O grupo se dividiu em equipes: alguns buscavam
madeira e cordas entre os destroços, outros organizavam alimentos e água. Clara
liderava a construção de balsas, enquanto os músicos mantinham o moral alto com
canções improvisadas. Poetas recitavam versos que celebravam a resiliência e a
união, transformando o desespero em esperança.
Em poucos dias, as balsas estavam prontas. Antes
de partirem, os artistas organizaram uma última apresentação na ilha, um evento
que atraiu moradores locais e chamou atenção da mídia. A performance não apenas
denunciava o descaso das autoridades, mas também exaltava o poder da
criatividade diante da adversidade.
Enquanto os artistas atravessavam o rio com suas
embarcações improvisadas, as imagens do evento já circulavam nas redes sociais,
provocando um clamor popular. O prefeito e seus aliados foram pressionados a
responder, mas era tarde demais. O povo exigia não apenas uma nova ponte, mas
também a renúncia daqueles que haviam lucrado com o sofrimento alheio.
Os artistas, agora em segurança, tornaram-se
símbolos de resistência e criatividade. E, em vez de participarem da competição
para a qual haviam viajado, eles organizaram um novo festival: o "Eco da
Ponte", dedicado à luta contra a corrupção e à força coletiva.
A pequena Vale Sereno nunca mais foi a mesma. A
nova ponte, erguida com o apoio da comunidade, tornou-se um monumento à união e
às vozes que se recusaram a ser silenciadas.
Maurício Menossi Flores
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