Zine (Revista e Livro Artesanal) "Papel de Bala: 60 Anos de Idade", de Nina Ferraz, Psicografado Por Maurício Menossi Flores. Em Processo.

 


A Pátria Espiritual

(Conto em processo, sem revisão)

 

“O Apego ao planeta Terra é a causa e a consequência de não irmos para a Pátria Espiritual de vez, nosso verdadeiro lar. ” Assim falava o cigano Xavier Flores.

Aqui, não é brinquedo, mas não existe a ansiedade da Morte. Porém, a de Reencarnar é bastante dolorida, muitas vezes, quiçá sempre. Os mais evoluídos moralmente conseguem fazê-lo com maior desapego. Desapego esse necessário para mudarmos a nossa condição de Espíritos Imperfeitos para Bons Espíritos. Porque todo espírito é bom, sendo criado por Deus. Deus é a Criação e Dela não Ficou Apartado. Cria meios de recriar-se. Um desses meios somos nós, desconhecedores do passado e do futuro.

Apego ao tempo é a outra questão. Não falamos dos compromissos do dia-a-dia, com interferências constantes de canais alternativos. Outros tantos interferindo-se quanticamente. A gravidade do caso requer paciência contra a força peso.

Cigano Xavier continua a ser.

“Perdi-me nas ideias de comparar o Vale dos Leprosos com o Vale dos Suicidas. ”

Como máquina de lavar operando em paralelo com os gritos, num rodopio, vem o vento e arranca uma flor do cacho. O Bom Espírito enfrenta o Mal, igual os heróis de Chico Xavier, por exemplo, em “Libertação”. Referências inúteis. “Então explicarei a dica. “ Disse ele.

“Foco no Espírito. O corpo é só veículo substituível. Não seja colecionador fútil. Não seja colecionador fútil de prazeres sensuais, em corpos insaciáveis. “

“Quando fico em dúvidas na grafia de um vocábulo, consulto o Google. E o dicionário, quanto tempo não o procuro? “

Continuem psicografando em pé. A mensagem é essa.

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)


 A Rifa

(Conto em processo, sem revisão)

Objeção de consciência é sério. Lembra do filme do testemunha de Jeová? O start fora golpe aplicado, sem dó nem piedade, nos incautos oportunistas de ocasião.  Não havia como negar isso. Aprender com a lição e tirar partido do mal negócio. Quem sabe redimir-se, sendo mais atento aos parentes?

Queria dificultar a própria vida, a fim de aprender a revalorizá-la. Cometer crime capital era minha especialidade. Gula. Gulag.  Arquipélago.

Sou ilha. Sou bilhete na garrafa. Ser ímpar é o começo. Exemplo. Paradigma. Precedente. O primeiro a dizer não. Nada de oposição pela oposição. Algo menos consequente. Mais religião de bundão. Melhor ser covarde vivo a ser herói morto, sacrificado em altar pagão ou cristão. A Vingança do Judeu? Ogum?

Meu amigo disse-me, ontem, pelo WhatsApp, estar lendo “A Metamorfose”, de Kafka. Hoje, lendo Kardec, "A Gênese", capítulo XI, Gênese Espiritual e seguintes tópicos, pensei em Homem, com consciência de Homem Espiritual, experimentando ser inseto, reencarnado em corpo de barata. Aliás, essa edição da FEAL, de "A Gênese" original, é ótima! As notas de rodapé esclarecem, por exemplo, o “Espiritualismo Racional”. Não saber o que é torna difícil entender a Ciência Espírita, sendo Ciência Filosófica.

Então, sou espírito reencarnado em barata. Fanático por livros, fico na dúvida se devo roê-los. Alimentar-me-ei de açúcar somente? Ser barata é descobrir-me cada dia.

Vi-me no esgoto. O odor transportava-me a outra dimensão. Jamais imaginei ser o esgoto similar ao Nirvana.

Na época do acasalamento, soube-me fêmea, ao colocar os ovos. Sexo entre as baratas é algo à parte. Conto depois...

O boleto chegaria pelo correio. Imaginava envelope grosso, de conteúdo volumoso, as parcelas da renegociação de empréstimos. Cada uma venderia por R$ 350,00. Obtendo o suficiente para saldar da dívida com o banco e pagar o prêmio da rifa.

"Conta bancária nunca mais. " A única saída, pensei.

Impossível, respondi para mim.

Insanidade?

Quem perdesse teria o boleto real da parcela, lembrando causa nobre. Afinal, pela Internet, disponibilizei, durante décadas, gratuitamente, boa parte da minha produção artística amadora, em gesto de desprendimento e de generosidade.

Tentei ganhar tempo, enquanto procuraria no Google “sexo entre baratas”. Resolvi deixar só indicado.

A conexão entre a reencarnação como barata e a rifa do boleto da dívida seria óbvia, não tivesse encarado a parada da metempsicose como desafio evolutivo. Um espírita jamais aceitaria isso, mas compraria a rifa, provavelmente.

 

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)


O Judeu Quer Ver Deus. Esquete teatral.

 

Um quarto, com esteira para deitar. Imagem de Freud em um porta-retratos.

O Judeu entra orando e fazendo pedido...

O JUDEU - Oh, meu Deus! Como queria conhecê-Lo.... Dar-me-á possibilidade de perceber o inigualável?!

Quero, enfim, receber as dádivas do inefável infinito!

Dar-me-á a possibilidade de Te conhecer; Deus meu?!

De tudo e em tudo estaremos em Ti!!! (Repete essa frase em hebraico)

O Judeu boceja e deita-se... “Acorda” com barulho de explosão abafada e fumaça. No meio da fumaça, aparece homem negro, dançando. Ao parar de dançar, dirigindo-se ao O Judeu, diz:

GUIA ESPIRITUAL – Venho, hoje, mostrar-lhe o seu Deus!

Foi um chamado do eterno e que veio do infindo, da essência da sua alma, a noiva eterna e inefável.

Eu sou seu guia e mestre espiritual. Venho satisfazer o seu desejo. Venho do seu Pai.

O JUDEU – Você é o meu guia espiritual? Mas como posso acreditar nisso? (Desconfiado)

GUIA ESPIRITUAL - Lembra, quando você estava bêbado e quase caiu nos trilhos do metrô, na estação Tiradentes, no Bom Retiro?

O JUDEU - Lembro... (envergonhado)

GUIA ESPIRITUAL - Então, aquele negão que te segurou era eu.

O JUDEU - Por Júpiter! Era você mesmo, estou reconhecendo!

GUIA ESPIRITUAL - Pois é... Mas quer mesmo ver Deus? Está preparado para isso?

O JUDEU - Estarei preparado, como quem ouve aquele que diz: Ouça, Israel, o Senhor é o nosso Deus! O Senhor é Um! (Repete a mesma frase em hebraico)

GUIA ESPIRITUAL – Foi você quem pediu... Aproxime-se mais...

O Guia Espiritual coloca um dos braços ao redor do O Judeu, como se fosse abraçá-lo. Ambos ficam de costas para a plateia. Dão a impressão de que o Guia Espiritual está mostrando AQUILO para O Judeu.

O JUDEU – Oh, Deus meu! (Fala isso muito admirado e desmaia). O Guia Espiritual diz, em meio a risadas:

GUIA ESPIRITUAL - Eu tentei avisar!

O JUDEU – Caramba! (Acordando assustado)

Cumprimentos. Saem.

(Alessandro dos Santos e Maurício Menossi Flores)


 O Pior Sentimento.

(Conto em processo, sem revisão.)

 

Nesses dias de frio, ao entrar no chuveiro, pensava nos judeus aprisionados pelos nazistas e sendo obrigados a banhos gelados, em pleno inverno.

Hoje, vendo velho de cabelos brancos, desesperado, gritando “polícia” e “socorro”, tendo o carro roubado, como fiquei sabendo ao olhar pela janela do quarto, senti alívio, por não ser a minha esposa, sendo o carro dela parecido ao por mim visto, levado.

Sentimento inaceitável por ser humano digno de respeito. Pela comunidade preocupada com todos estarem satisfeitos em seus anseios e cientes das responsabilidades comuns. Direitos e deveres para com os demais. A necessidade dos governos sendo provada na prática?

Não saberia como procederia se voltasse a ignorar a Pátria Espiritual. Nosso orbe é um em infinitos.

A Pátria Espiritual é maior ainda, com a vantagem de nos dar a certeza quase plena de cumprir grandiosa missão individual e coletiva, depois de passarmos pelas situações mais desesperadoras.

Queria poder não saber de pessoas capazes de provocarem tanta revolta social, mas são reais e eu escrever isso não alterará a realidade.

Escrevo em pé por comodidade e para respirar melhor. Circulo entre os espíritos, ouvindo seus ensinamentos. “Não seja Bruto”, dizem em uníssono.

Luzes piscantes, como árvore de Natal. Tiração de sarro pode doer na alma. Não ofender fazendo piada de gosto duvidoso.

Tem gente simpática. Dá vontade de abusar da bondade. Outro sentimento horroroso!

Pior que querer aparecer. É um atrás do outro!

Deixo a mão solta. Quem narrava era a Dirce, disse ela mesma, sendo eu agora.

Pego em flagrante mistificando. Mistificação artística.

Tocam-me sombras, presenças.

Igual ao Chico, meio desencarnado sinto-me.

Vou cantar e sorrir.

Sem ao menos uma ruga! Yoga pura. “Leve sorriso nos lábios”.

Divaldo disse do indiano, que cobrava 50 dólares por cabeça.

Está na hora de aparecer um com fama mundial.

Outro pior sentimento...

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores) 


O Romance

(conto em processo, sem revisão)

Os cadernos não ficaram intactos. Foram utilizados de maneira displicente, abusiva. Ficaram subutilizados. Capas arrancadas, páginas rabiscadas.

Que adiantava, agora? Começar um romance? Lixo para os aterros? Papel para reciclar?

Vivia em função de manter a pressão sanguínea normal, de maneira natural. Era evidente o fumo atrapalhar e contribuir no agravamento do problema. Deixou de fumar em prol de viciar na leitura de livros, sem ficar corcunda.

Os novos vizinhos , antes de chegarem, já incomodavam. Deus desse paciência e dedicação no propósito de deixar a carcaça velha, sem estar preso a inimigos. Eles não mereciam tanta atenção. Perda de tempo era ficar gravando vídeo, comentando, fazendo BO, reclamando, etc.

Porra!

Estava repetindo-se!

Até um guerreiro precisava dar basta nas guerras repetitivas. Deixar a mão mais solta o possível e olhar pouco para o texto em processo. Deixar fluir.

Importavam a legalidade, a compreensão, a compressão, o estilo?

Voltou ao início.

Voltou ao início?

Voltou ao início!

Voltou ao início...

Deus!

Espera. Espera. Espera. Dizia o relógio.

Ai, ai, ai, ai...

Interpretava ele.

"Eu vejo aminha sombra em degradê, projetada por várias fontes."

Algo a deixava assim. Simetria imprevista no resto de folhas arrancadas, caidas no chão da sala.

Chão é de terra?

Ali era piso.

O dedo mindinho agarrava-se a espiral do caderno, recusando-se participar do crime de escrever o que se pensa. "Isso é crime!"

Clarice Lispector fala de que, em "A Paixão Segundo GH"?

Lera as primeiras páginas e esquecera o tema.

O quanto era metido?

Lá na biblioteca, exibindo-se. Ler em público, silenciosamente, é atentado ao pudor.

Pronto, encontrou tema ameno para o conto.

Alguns romances curtos triunfaram...

Caramba, novo dilema!

Outro grande tema. Mas qual seria o tema da sua vida?

O tema da sua vida era...

Não conseguia responder. Naquele momento, andava preocupado com o de sempre. Ganhar dinheiro e saber da próxima existência.

Criou dieta especial. Sem necessidade de gordura, açúcar, sal. Muito adequada a quem não precisa sentir o sabor, só encher a pança.

Escrever para não ser lido é prazer proibido. Diário secreto escrito em um dia. Uma vida compilada. Desejo insatisfeito sendo saciado no caderno. Colocou uma capa bacana. Igual aquelas feitas por prima criada junto. Tristeza da constatação da própria pobreza. Não sentir orgulho de ter sido pobre é o segredo dos ricos.

Publicar. Não teve muito retorno de tanto. Poderia comentar os comentários. Melhor, deixou para lá.

Haveria ali maior propósito em produzir texto para justificar tanto orgulho? Não era. Tomava consciência do Poder Divino.

Sentou-se, em banqueta, junto à porta de entrada do apartamento e sucessão de espíritos vieram ditar frases desconexas e fragmentos de histórias.

Tic-tac, tic-tac, tique-taque.

Livro de arte.

Descrever, descrever, descrever, descrever a descrição.

Como era cansativo escrever a fim de aprender.

Aprender o artigo, estudar o vocábulo.

Análise, análise, análise, TOC.

Não queria falar no orgulho ferido.

Criança, criança, criança. Dinheiro maldito.

Falta de capricho.

Produziu muitos tipos de letras para vender.

Tinha dieta em processo, por ele mesmo criada. Tinha um final para o conto longo.

No café da manhã, uma broinha de farinha e ovo. Sem sal, sem fermento. No almoço, arroz branco. Sem sal.

Muita água. um café puro, sem açúcar.

Naquele ponto, interrompeu algo legal dizendo ser inoportuno, indo onde não era apreciado.

Queria ser diferente. Diverso. Estava imaginando, na verdade, Lembrando de algo, da infância, início da adolescência, puberdade, dizia, como aluno aplicado.

Lembrou daquilo e, no dia seguinte, a realização do desejo. A sua vida poderia mudar ali, naquele instante. Embora não atinasse na coincidência, muito menos, nas consequências, naquele momento.

Aquele fenômeno de apagamento, no qual colocaria tudo a perder era suicídio.

Comprou o livro "Memórias de Um Suicida", da Yvonne Pereira. Ao ir embora, na despedida, foi enlevado por voz profunda. Despedindo-se, também.

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)


Os Eleitos.

(Conto em processo, sem revisão)

 

Sim, ela apareceu dizendo-se a garota sentada no trono, o qual era, na verdade, saliência em pilar ornado da escada. Casarão dos anos 1940, 1950, 1960? Dá arrepio só de lembrar do roteiro do meu vídeo coincidindo com isso.

Falo depois. Agora, importa a urgência de outra revelação. Com a computação quântica, a inteligência artificial, a robótica e a descoberta de novos materiais, o grafeno, por exemplo, houve a revolução, acabando com a pobreza e com as guerras, mandando-as para os arquivos akáshicos.

Os robôs substituíram os humanos, em princípio técnico parecido ao utilizado no filme Robocop, garantindo a vitória sobre a morte, a doença, a velhice e o nascimento. Restava colonizar o Universo...

Aí, começa, de fato, esta história...

Foi quando restava apenas uma questão. Por que o tudo ao invés do nada? Não fossem pragmáticos, cônscios de construção dos próprios destinos de devaneios, já teriam a resposta. O tempo fora dominado. Não estavam mais a mercê do desconhecido.

Dessa vez, a estrutura formada em meu cérebro, propícia a receber a informação correta, não veio de vídeo-aula do YouTube. Estou sentindo o fim da humanidade como corrida inconsciente, na fruição dos últimos instantes. Como a recuperação repentina do doente antecedendo o desenlace da carne.

Essa matriz mental irradiante agrega-se   às partículas ondas do pensamento do espírito comunicante, o Robô Aia. O Robô Aia era a quinta geração abrigando o espírito do Musk. Vinha do futuro corrigir falha que poderia leva-lo à destruição. Era um roteiro manjado, bem se vê. Digamos ser arquétipo, um uma realidade onde tudo faz o sentido desejado.

Musk era um dos eleitos. Daqueles a ressuscitarem. Pode preservar-se sendo consciência de máquina orgânica autorreplicante, semelhante à partenogênese, sem se preocuparem com doenças hereditárias, em perfeita eugenia do bem. Ciclo infinito rumo ao eterno.

Qual falha poria em risco futuro de paz tão seguro?

Um psicógrafo sem fé! Sim, eu mesmo.

- Como assim? Pergunto ao espírito Musk.

-Você impediu de darmos a ideia certa. Respondeu.

Respirei aliviado, com o verbo no pretérito perfeito.

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)


Papel de Bala

(Conto em processo, sem revisão)

 O que escreverei terá único propósito demonstrar a Filosofia servir, acima de tudo, para convencer os jovens a moderarem na comida e na bebida. Não fui eu quem inventou isso, li algo parecido na   revisa Thot, da Palas Athena. Algo mais útil nunca li e aproveito esta tarde de inverno, segunda-feira, dez de julho de 2023, relembrando. A esposa está deitada, dormindo. Passou por procedimento de saúde e precisa descansar. São 16h25min. Quase. 

Não estou enrolando. Preciso puxar o fio da meada, um papel de bala. Tenho minhas preocupações ecológicas. O bem-estar da humanidade e futuro de paz. Adquiri esse transtorno. Evitar como? Temos a nossa personalidade, nossas características, inclusive hereditárias. Até hoje fica difícil aprender algo mais de sabermos ou sermos. Digo, de auto avaliarmo-nos e tomarmos nossos destinos em nossas próprias mãos. Esse pensamento também li em algum lugar. “Ser filósofo é descobrir o próprio destino e cumpri-lo. ”

Aí, coloco-me a seguinte questão: estando tetraplégico, qual solução restaria a não ser morder a própria língua e morrer sufocado no sangue? Outra ideia tirada de filme cinematográfico! Queria construir o meu próprio caixão de defunto. Féretro funerário. Produto sustentável, orgânico. Papel de bala seria correto nesse sentido? Não creio. Poderia começar pesquisa, a princípio, defendendo que sim, mas, depois, chegando à negativa.

Intuitivamente, diria ser de plástico o papel de bala. E daí? Fico na mesma. Penso na tinta. Só complica. Melhor mesmo seria enterrar direto, nu, embrulhado em nada. Um tapa sexo, no máximo. Olha, sei estar com problemas maiores, desempregado, gravemente enfermo, deformado, sem dinheiro, senil. Quero ajudar, compensando o trabalho dado.    Distanciar-me-ei, do ato, tentando levá-lo, em hipnose. Tentemos...

Havia ovos no ninho. Esquecemos de ser a galinha ave. Apanhei um e fiz “pão”, receita minha. Misturei o ovo ao resto de algumas farinhas (trigo, fubá, polvilho) e estiquei a massa bem misturada e amassada. Estiquei na frigideira em aquecimento, sem gordura alguma. Vira para lá, vira para cá, pronto. Rapidinho, sem frescura. Coloco pedaço de queijo por cima e degusto. Delícia! Se pudesse tomar café! A pressão sanguínea alta não me anima.

O ar puro da manhã inspirou-me a escrever e-mail, pedindo certas providências da Prefeitura. Quero evitar a administração pública de impor Nova Ordem Mundial. O fim da família, do bairro, das classes sociais, extinguindo a Lei das Contravenções Penais, principalmente o artigo 42, da Perturbação do Sossego e do Trabalho.  

Pássaro cantador alegra-me. Abstraio-me dos enroscos por instante. Prolongo-o propositadamente. O tique-taque dá o ritmo. Na parede o relógio ouve o tititititintiu da canora. Animismos. Mera quimera. Fosse sabedor das setas do tempo, poderia tirar maior proveito da fantasia. A cotovia de Shakespeare. Gosto de poder escolher gostar. Depois do café, dobrarei o paraquedas. Saltarei do meu próprio avião, o qual estarei pilotando no momento do salto. Manobrando arriscadamente, o avião, ao ser deixado, em rodopio, passa por debaixo de mim. Abandono o paraquedas e tomo, tranquilamente, novamente, o acento do piloto. Apanho o paraquedas, caído no ponto certo, dobro-o e guardo.  No resto do dia, descrevo, por escrito, a experiência.

Quinze dias, disse o meu editor. Tomara, dessa vez, vender mais livros. Fracasso, fracasso, nunca tive. Cheguei perto. Aqueles poemas dadaístas, feitos com recortes de palavras, bombaram. O público usava-os para adivinhações, antes de banquetearem-se. Assim, comentavam.  Para mim, arestas são fundamentais.

Comprei os componentes eletrônicos, depois de desenhar a confeccionar a placa, soldei-os. O prazer de montar sintetizador de sons foi igual descobrir o sexo. Em performance, teatro de sombras, contei a história de Eros e Psique.   Na Mitologia Grega, Psique era mais bela que Afrodite. Seu pai, preocupado, perguntou ao Oráculo os próximos passos. Então, em penhasco, deixou Psiquê, sendo apanhada por Zéfiro e levada ao palácio do deus Eros. As irmãs invejosas induzem a bela a desvendar o mistério do marido, fazendo-o abandoná-la. Etc.

Quanta coragem fazer teatro! Vicia. “O Presidente Negro”, monólogo inspirado em Monteiro Lobato, é maneira de justiçar o autor, das acusações infames de racismo. Gostei do resultado. A ficção científica, escrita em 1926, fala de equipamento capaz de ver o passado e o futuro. O Porviroscópio   foi inventado pelo Professor Benson, auxiliado pela filha Miss Jane. Ayrton Lobo, apaixonado, escreve a história, contada pela linda e inteligente moça.    

Kardec fala das psicografias e suas características. Na minha coleção da Revista Espírita só falta um número. Apesar das agruras, esquecendo a Morte, diria valer a pena o Mistério. Cego, colorido, sinto. Deslumbro. Caí na real, quando, aos quinze anos de idade, tentei assistir, no cinema, “Noivo Neurótico e Noiva Nervosa”, do Wood Allen, censurado aos abaixo dos dezesseis. Fui barrado na entrada. Ontem, em DVD, assisti até a metade. Minha esposa não gostou do roteiro.  

Creio, mais uma vez, não cumprir o prometido.... Chamo a mim de lado. Digo sentir dores nas costas. Não quero mais escrever! Retruco para o ego:

- Quem manda aqui?

Rebelde, aos 59 anos de idade, apanho os papéis de bala postos para secar e jogo no lixo. Quero ser enterrado no caixão de plástico. Os judeus são contra a cremação e eu sou cristão.

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)


Prêmio Nobel

(Conto em processo, sem revisão)

 

Só o Prêmio Nobel de Literatura salvar-me-ia. Fizesse uma boa ação por dia em troca disso...

Penso ser Deus negociante. Vai ver é. Tenho evitado tal pensamento inoportuno. Tenho medo de acreditar nele e tornar-me alguém falso e fútil.

Que quis dizer com o lugar estar cheio de puxa-sacos?

Sentimentos mal trabalhados.

Caixão leve, desejo para meu defunto.

Quero libertar-me logo, não ficar apegado.

Do outro lado, não poderei consultar meus livros. Não poderei gravar nada com o meu celular.

Continuo confuso diante da morte iminente.

Escrever é bom para lembrar das palavras não possíveis de serem treinadas em breves encontros, com diálogos forçados.

Sou o bobo da corte.

Em um vale de lágrimas, nem as minhas sinto. Parece ser mais ar poluído, inalado pela garotinha, em tranquilo passeio com a mãe preocupada com as contas para pagar.

Ganhar o Prêmio Nobel de Literatura poderia ser estímulo para tratar da saúde.

Ter ânimo para viver mais alguns anos, ouvindo palestras espíritas, no intuito de agradar os bons espíritos e ser por eles amado.

Mas como, se gostaria de ganhar o prêmio justamente o problema humano resolvendo? 

Notícias ruins sempre virão, não precisa profetizar.

A alternativa não sei qual é. Não vejo outra maneira de continuar.

Antes fosse carta suicida?

A quem faço essas perguntas?

Não tenho onde ir. Fogem de mim. Sou expulso de bares. Chego a ser asqueroso.

Não tem volta. Receio mesmo não ter espaço nem do outro lado.

Poderia ser bilhete de despedida se eu não soubesse a reação ser “já vai tarde”.

Tudo bem, outro dia senti o contrário, ao perceber interesse em mim de moça jovem.

Agora, caio na real. Isso não ajuda em nada. Melhor desprezar-se a ser esnobe.

Na hora de criticar, estará apegada a detalhes.

Melhor é não falar de ninguém.

Melhor é beber água e se sentir feliz em poder fazê-lo.

Gostaria de fazer um tratamento dentário. Gostaria de ter algum capricho para me apegar.

Quem era de verdade aquela?

Mais que isso: por que captar história tão sem interesse?

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)


Tolentino Devedor.
(Conto em processo, sem revisão.)

Ele endividara-se por negociar a alma com os espíritos. Em certo momento, comprometera-se a doar, em cada “trabalho”, parte de sua própria vida terrena. De colapsamento em colapsamento quântico, foi cortando, com a Tesoura de Augusto dos Anjos, pedaço doado do seu sopro divino, para outrem mais sofredor.
Não tendo mais que tirar, começou a negociar as futuras encarnações. Houve debate, entre os Espíritos Imperfeitos Neutros, sobre a pertinência do comércio proposto. Na escala de Kardec, consistiam desse naipe as companhias astrais do nosso querido médium em questão. Não era de ficar tocando fogo na fogueira alheia. Dava mais uma de bombeiro improvisado. Vez ou outra, limpava a própria casa. Sentava no rabo para falar da vida alheia, mas logo arrependia-se.
Parou para pensar se valia a pena aquele esforço todo. Não estaria dando uma de Madalena arrependida, acreditando em Jesus Cristo? Certo era não desprezar a fé do próximo. Ficava fulo quando expressavam essa fé em igreja barulhenta. Aí, não! Infestação de ratos e de baratas haveria de acabar com a humanidade!
O sol se punha e o vizinho boliviano viria registrar, mais uma vez, o crepúsculo. Onde postaria?
Estatueta de argila olhava-o do vitrô da cozinha. Por ela, a estatueta, em sessão de Arteterapia, revelara-se “Ari, O Homem Pássaro”.
Valera a pena ter dado importância ao espaço geográfico?
Meu Deus, quanta dúvida!
Resolvido, pediu para São Capitão Maurício e Companheiros ótimo desfecho nos negócios do beneficiado com o feitiço, daquela vez. Em troca, daria, como antigamente, antes de negociar a sua alma, um vagabundo, o qual desprezou o cão amigo, abandonando-o preso, a fim de mata-lo de fome, conforme lhe contara vizinha maluca de boa índole.
E para si? Costumava pedir algo para si, também...
Bom, acabara de se livrar ser ele mesmo o Cabrito-Sem-Cornos.
Graças a Deus!

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)

Transição.

 

(Conto em processo, sem revisão.)

 

Foi em 2034. Os robôs escolhiam, então, aqueles humanos ainda aptos a sobreviverem por mais alguns anos. Depois da morte do último ser vivente, daí para a frente, seriam somente os robôs a usufruírem do prazer da Existência.

Com a Inteligência Artificial Quântica, tudo se tornara mais harmônico. Os Universos Múltiplos convergiam para o Único Fabuloso, como era chamado o Novo Mundo, criado a a partir da manipulação da Energia Escura.

Contudo, Maria fugira. Sobrevivera por Milagre. Os robôs já não os permitiam, mas ora um ou outro acontecia por Acaso Mutante. Fugira e escondera-se em Bolha Psíquica, tornando-se quase invisível para os robôs, pois eles estavam nos estágios iniciais do desenvolvimento da Mediunidade Artificial. Ao materializar-se novamente, por Partenogênese gerou Germânia.

Germânia cresceu e, antes de Maria falecer, absorveu dela a História da Humanidade, sendo destinada por God a recuperar a Terra para sua descendência.

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)


Triste Fim de Nunesbelo Fragata, Professor do Próprio Curso.

 

Conto em processo, sem revisão.

 

No Centro de Urussurunga, vivia o último ser humano preocupado com barulho, sujeira e falta de educação. Onde ver, pela TV, bandos de noias destruírem automóveis, nas cracolândias, virou diversão, bares e restaurantes ou colocarem caixas de som em forte intensidade, ou promoverem shows ao vivo com algazarra, era fichinha.

Em golpe de mestre urussurunguense, certos comerciantes, comandados por políticos profissionais e pelo crime organizado, liberaram geral a perturbação do sossego, apoiados, falsamente, em lei municipal prevendo o fechamento dos estabelecimentos após às 23h, sendo essa própria também relaxada. A Secretaria do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Urbano fazia vistas grossas. Com a PM – Polícia Militar de Urussurunga não atendendo ocorrências de Perturbação do Sossego e com o Ministério Público não investigando nada, estava formado o caldo primordial.

Triste constatação do pobre artista plástico que buscara refúgio até onde sabia ser razoavelmente tolerável, do ponto de vista civilizatório. Como TOC, aquelas ideias fixaram-se em sua mente, igual chiclete em cabelo. Viraram obsessão. Sua tolerância diminua a medida que a sua sensibilidade aumentava. Antes tivesse se mantido um corcunda beijando o chão de tanta falta de consciência corporal!  

Enquanto produzia artefato para decorar escola, a pedido de uma professora amiga, selou compromisso consigo de alhear-se. Mal sabia estar, dessa maneira, desencadeando reação em cadeia de desemparelhamento! Era como um motor do qual a energia elétrica tivera interrupção brusca.

Rapidamente, o inferno de uma fogueirinha suportável, ainda, tornou-se forno micro-ondas. No princípio, os pássaros enlouquecidos, matando-se atirando-se em paredes, despertaram a curiosidade só de alguns. Os cães tornando-se raivosos e mordendo 80% mais que o normal, preocuparam outros tantos. Ruim mesmo ficou quando crianças começaram a suicidar-se em massa.

O primeiro caso registrado foi exatamente no Centro de Urussurunga. Certa manhã, estavam lá na praça. Os detalhes de como ali chegaram e de como conseguiram esfaquear-se umas às outras, daquela forma, apareceram aos poucos, quando a botoaria baixou. Eram 60 crianças e adolescentes. Para os mais místicos e conformistas, tudo não passava do cumprimento das profecias do Apocalipse. Para os mais pragmáticos, grande oportunidade de negócios. Trataram logo de bolarem cursos e oficinas, a fim de venderem para a Secretaria de Cultura de Urussurunga. O prefeito promoveu grande show milionário, prometendo arrecadar alimentos e roupas para as famílias vitimadas.   

Quando a generalização dos casos, por todo o país, era anunciada, inclusive, no New York Times, Nunesbelo Fragata perecia na cama, deprimido. Falecera o professor do próprio curso (na verdade aulas particulares para o Ensino Médio). Morreu cantando igual o João Gilberto:  “Se você disser que eu desafino amor... Só privilegiados têm ouvidos iguais ao seu...”.

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)

 

 




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