Conto "Prêmio Nobel", de Nina Ferraz. Psicografia de Maurício Menossi Flores.
Prêmio Nobel
(Conto em processo, sem revisão)
Só o Prêmio Nobel de Literatura salvar-me-ia. Fizesse uma
boa ação por dia em troca disso...
Penso ser Deus negociante. Vai ver é. Tenho evitado tal
pensamento inoportuno. Tenho medo de acreditar nele e tornar-me alguém falso e
fútil.
Que quis dizer com o lugar estar cheio de puxa-sacos?
Sentimentos mal trabalhados.
Caixão leve, desejo pera meu defunto.
Quero libertar-me logo, não ficar apegado.
Do outro lado, não poderei consultar meus livros. Não
poderei gravar nada com o meu celular.
Continuo confuso diante da morte iminente.
Escrever é bom para lembrar das palavras não possíveis de
serem treinadas em breves encontros, com diálogos forçados.
Sou o bobo da corte.
Em um vale de lágrimas, nem as minhas sinto. Parece ser mais
ar poluído, inalado pela garotinha, em tranquilo passeio com a mãe preocupada
com as contas para pagar.
Ganhar o Prêmio Nobel de Literatura poderia ser estímulo
para tratar da saúde.
Ter ânimo para viver mais alguns anos, ouvindo palestras
espíritas, no intuito de agradar os bons espíritos e ser por eles amado.
Mas como, se gostaria de ganhar o prêmio justamente o
problema humano resolvendo?
Notícias ruins sempre virão, não precisa profetizar.
A alternativa não sei qual é. Não vejo outra maneira de
continuar.
Antes fosse carta suicida?
A quem faço essas perguntas?
Não tenho onde ir. Fogem de mim. Sou expulso de bares. Chego
a ser asqueroso.
Não tem volta. Receio mesmo não ter espaço nem do outro
lado.
Poderia ser bilhete de despedida se eu não soubesse a reação
ser “já vai tarde”.
Tudo bem, outro dia senti o contrário, ao perceber interesse
em mim de moça jovem.
Agora, caio na real. Isso não ajuda em nada. Melhor desprezar-se
a ser esnobe.
Na hora de criticar, estará apegada a detalhes.
Melhor é não falar de ninguém.
Melhor é beber água e se sentir feliz em poder fazê-lo.
Gostaria de fazer um tratamento dentário. Gostaria de ter
algum capricho para me apegar.
Quem era de verdade aquela?
Mais que isso: por que captar história tão sem interesse?
(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)
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