Conto "Papel de Bala", de Nina Ferraz, Psicografado por Maurício Menossi Flores.

 


Papel de Bala

(Conto em processo, sem revisão)

O que escreverei terá único propósito demonstrar a Filosofia servir, acima de tudo, para convencer os jovens a moderarem na comida e na bebida. Não fui eu quem inventou isso, li algo parecido na   revisa Thot, da Palas Athena. Algo mais útil nunca li e aproveito esta tarde de inverno, segunda-feira, dez de julho de 2023, relembrando. A esposa está deitada, dormindo. Passou por procedimento de saúde e precisa descansar. São 16h25min. Quase. 

Não estou enrolando. Preciso puxar o fio da meada, um papel de bala. Tenho minhas preocupações ecológicas. O bem-estar da humanidade e futuro de paz. Adquiri esse transtorno. Evitar como? Temos a nossa personalidade, nossas características, inclusive hereditárias. Até hoje fica difícil aprender algo mais de sabermos ou sermos. Digo, de auto avaliarmo-nos e tomarmos nossos destinos em nossas próprias mãos. Esse pensamento também li em algum lugar. “Ser filósofo é descobrir o próprio destino e cumpri-lo. ”

Aí, coloco-me a seguinte questão: estando tetraplégico, qual solução restaria a não ser morder a própria língua e morrer sufocado no sangue? Outra ideia tirada de filme cinematográfico! Queria construir o meu próprio caixão de defunto. Féretro funerário. Produto sustentável, orgânico. Papel de bala seria correto nesse sentido? Não creio. Poderia começar pesquisa, a princípio, defendendo que sim, mas, depois, chegando à negativa.

Intuitivamente, diria ser de plástico o papel de bala. E daí? Fico na mesma. Penso na tinta. Só complica. Melhor mesmo seria enterrar direto, nu, embrulhado em nada. Um tapa sexo, no máximo. Olha, sei estar com problemas maiores, desempregado, gravemente enfermo, deformado, sem dinheiro, senil. Quero ajudar, compensando o trabalho dado.    Distanciar-me-ei, do ato, tentando levá-lo, em hipnose. Tentemos...

Havia ovos no ninho. Esquecemos de ser a galinha ave. Apanhei um e fiz “pão”, receita minha. Misturei o ovo ao resto de algumas farinhas (trigo, fubá, polvilho) e estiquei a massa bem misturada e amassada. Estiquei na frigideira em aquecimento, sem gordura alguma. Vira para lá, vira para cá, pronto. Rapidinho, sem frescura. Coloco pedaço de queijo por cima e degusto. Delícia! Se pudesse tomar café! A pressão sanguínea alta não me anima.

O ar puro da manhã inspirou-me a escrever e-mail, pedindo certas providências da Prefeitura. Quero evitar a administração pública de impor Nova Ordem Mundial. O fim da família, do bairro, das classes sociais, extinguindo a Lei das Contravenções Penais, principalmente o artigo 42, da Perturbação do Sossego e do Trabalho.  

Pássaro cantador alegra-me. Abstraio-me dos enroscos por instante. Prolongo-o propositadamente. O tique-taque dá o ritmo. Na parede o relógio ouve o tititititintiu da canora. Animismos. Mera quimera. Fosse sabedor das setas do tempo, poderia tirar maior proveito da fantasia. A cotovia de Shakespeare. Gosto de poder escolher gostar. Depois do café, dobrarei o paraquedas. Saltarei do meu próprio avião, o qual estarei pilotando no momento do salto. Manobrando arriscadamente, o avião, ao ser deixado, em rodopio, passa por debaixo de mim. Abandono o paraquedas e tomo, tranquilamente, novamente, o acento do piloto. Apanho o paraquedas, caído no ponto certo, dobro-o e guardo.  No resto do dia, descrevo, por escrito, a experiência.

Quinze dias, disse o meu editor. Tomara, dessa vez, vender mais livros. Fracasso, fracasso, nunca tive. Cheguei perto. Aqueles poemas dadaístas, feitos com recortes de palavras, bombaram. O público usava-os para adivinhações, antes de banquetearem-se. Assim, comentavam.  Para mim, arestas são fundamentais.

Comprei os componentes eletrônicos, depois de desenhar a confeccionar a placa, soldei-os. O prazer de montar sintetizador de sons foi igual descobrir o sexo. Em performance, teatro de sombras, contei a história de Eros e Psique.   Na Mitologia Grega, Psique era mais bela que Afrodite. Seu pai, preocupado, perguntou ao Oráculo os próximos passos. Então, em penhasco, deixou Psiquê, sendo apanhada por Zéfiro e levada ao palácio do deus Eros. As irmãs invejosas induzem a bela a desvendar o mistério do marido, fazendo-o abandoná-la. Etc.

Quanta coragem fazer teatro! Vicia. “O Presidente Negro”, monólogo inspirado em Monteiro Lobato, é maneira de justiçar o autor, das acusações infames de racismo. Gostei do resultado. A ficção científica, escrita em 1926, fala de equipamento capaz de ver o passado e o futuro. O Porviroscópio foi inventado pelo Professor Benson, auxiliado pela filha Miss Jane. Ayrton Lobo, apaixonado, escreve a história, contada pela linda e inteligente moça.    

Kardec fala das psicografias e suas características. Na minha coleção da Revista Espírita só falta um número. Apesar das agruras, esquecendo a Morte, diria valer a pena o Mistério. Cego, colorido, sinto. Deslumbro. Caí na real, quando, aos quinze anos de idade, tentei assistir, no cinema, “Noivo Neurótico e Noiva Nervosa”, do Wood Allen, censurado aos abaixo dos dezesseis. Fui barrado na entrada. Ontem, em DVD, assisti até a metade. Minha esposa não gostou do roteiro.  

Creio, mais uma vez, não cumprir o prometido.... Chamo a mim de lado. Digo sentir dores nas costas. Não quero mais escrever! Retruco para o ego:

- Quem manda aqui?

Rebelde, aos 59 anos de idade, apanho os papéis de bala postos para secar e jogo no lixo. Quero ser enterrado no caixão de plástico. Os judeus são contra a cremação e eu sou cristão.

(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)


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