"O Espírito", Conto-Crônica de Nina Ferraz, Psicografado Por Maurício Menossi Flores.
O Espírito
(Em processo, sem revisão.)
O espírito viu-se ameaçado em seu sistema, ao perceber outro
com capacidades de armazenamento e de processamento superiores às suas próprias.
Aqueles fenômenos polêmicos (atravessar paredes, materializar-se
e desmaterializar-se, mover objetos, tocar instrumentos, apresentar-se em
vários lugares ao mesmo tempo, transportar-se instantaneamente) viraram
diversões baratas, dentro dos equipamentos eletrônicos. Faziam-se com enfastio.
Parecia algo fora do espaço e do tempo. Luís avisara o amigo
dos riscos que ele corria tomando Viagra. Dizia ser exigência do parceiro
sexual.
Inventar namorados e namoradas, para não ficar por baixo ou para
trás, como qualquer mentira, gera descrédito e desprezo.
Não havia mais o prazer de convidar a pessoa querida para um
passeio ao teatro e ao cinema. As relações mudaram muito. Culpam o
distanciamento imposto, mas falo de antes disso. Muito pior. Falo da favela e a
Nova Idade Média.
No bairro, também já se impunha a lei do cão, onde quem bate
mais chora menos e não por muito tempo.
Acordar com ideias empreendedoras ficou para outra esfera.
Quem dera! Risonho, gordo, nordestino, bipolar. Até aí, poderia ser primor de
gente. Saber usar certos atributos inofensivos como arma de vantagens próprias
é dom de alguns.
Minha ambição sempre foi do tamanho da minha marmita. Cresci
acostumado com mimos baratos, presentes de segunda mão. Não tive orientação
intelectual e criava antipatias, pela gula e pela malícia do prazer em caluniar,
com a justificativa de serem minhas amigas tais pessoas caluniadas e não teria
problemas em dizer tudo na cara delas, correndo o risco de perder a amizade que
nunca tive.
Inventava histórias moralistas sem seguir os seus desfechos
morais. Gente graúda foi vítima da minha imprudência. Conversa de bar.
Ter certos poderes básicos possíveis, dentro do universo
quântico não iria ajuda-lo. Eu ele, assim fundidos, não serei ou seria solução.
Queria deixar de ser para tornar-se o Desconhecido.
(Nina Ferraz, psicografia de Maurício Menossi Flores)
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